APRESENTAÇÃO DA PEÇA:
Se
o lixo falasse...
NARRADOR:
Na cidadezinha havia somente
um supermercado. Sempre que começava um novo dia, as embalagens dos produtos
que lotavam as prateleiras aguardavam ansiosas pelo seu destino; apodrecer no
lixão. Nesse lugar, o sonho de sobreviver por meio da reciclagem estava fora de
cogitação.
Numa bela manhã, antes de
abrir o supermercado, o que se ouviu foi um triste desabafo das embalagens.
EMBALAGEM
DE FEIJÃO
- Eu não quero terminar num
lixo... É muito sujo e cheira mal. O tempo demora a passar.
LATA DE SARDINHA
- Eu também não! É horrível
conviver com ratos, baratas, moscas e urubus
SUCO
DE UVA
- É muito triste apodrecer
quando poderíamos ser reaproveitadas. Não entendo como seres tão inteligentes
como os humanos ainda nos tratam assim. Quando irão aprender que nem tudo o que
parece lixo é lixo?
EMBALAGEM
DE ÓLEO
- Será que não perceberam
que as futuras gerações também irão necessitar desses mesmos recursos naturais?
Os humanos vão acordar somente quando
não aguentarem conviver com as montanhas de lixo que produzem? Assim o planeta
não resiste.
EMBALAGEM
DE DETERGENTE
- Concordo com você. E mesmo
se o nosso destino fosse o aterro sanitário, que não é o caso desta cidade, de
que adiantaria? No aterro sanitário apenas não poluiríamos tanto a atmosfera e
nem os mananciais.
EMBALAGEM
DE LEITE
- É, mas nem todos eles são construído
dentro dos padrões estabelecidos pelas normas ambientais. Alguns aterros
sanitários se contentam apenas em cobrir-nos com camadas de terra.
LATINHA
DE ALUMÍNIO
- Não fiquem tristes. Vamos
esperar que um dia alguém desta cidade acorde pra coleta seletiva e a
reciclagem.
SACOLINHA
PLÁSTICA
- Alguém? Será que existe
alguém?
- Ei! Quem de vocês já
conseguiu escapar do lixão alguma vez?
ALGUMAS
EMBALAGENS
Eu, eu eu
SACOLINHA
PLÁSTICA
- Como conseguiram?
SABÃO
EM PÓ
- Eu já consegui escapar
várias vezes. Tive a sorte de ser comprado por uma pessoa que fazia a separação
do lixo reciclável.
SACOLINHA
PLÁSTICA
- Que sorte a sua hein?
SABÃO
EM PÓ
- Com certeza. Mas isso aconteceu
em outra cidade onde se fazia a coleta seletiva
CAMISETA
- Posso falar, posso falar?
Eu já fui garrafa pet. No processo de reciclagem, me derreteram fazendo com que
eu voltasse a ser matéria prima. Depois me transformei em fios de poliéster, em
malha e, finalmente, nesta camiseta.
TODOS
Que legal! Parabéns!
NARRADOR
Naquele momento, a grande
preocupação das embalagens era encontrar uma saída para se livrarem do lixão.
SACOLINHA
PLÁSTICA
- o que precisamos fazer é
descobrir uma maneira de mudar a mentalidade das pessoas desta cidadezinha.
GARRAFA
PET
- Posso falar, posso falar?
- Eu tive uma ideia
luminosa.
- Ouvi falar de uma escola
que, graças ao trabalho dos professores e alunos, consegui que toda a população
da cidade se envolvesse num projeto audacioso de coleta seletiva. Inclusive
acabaram com o lixão da cidade.
- Como sabem nenhuma família
se preocupa com a questão do lixo, Mas eu conheço uma que poderia nos ajudar
com isso.
NARRADOR
Tudo começa no momento em
que o Pedrinho se preparava para jogar uma garrafa PET de guaraná, vazia, na
lata do lixo de sua casa. Foi nesse momento que a garrafa aplicou seu golpe de
mestre dizendo:
GARRAFA
PET
- Pedrinho, preciso muito
falar com você.
PEDRINHO
- Quem está falando?
GARRAFA
PET
- Eu, a garrafa PET que tem
em mãos.
NARRADOR
O menino, na hora
empalideceu e não acreditou no que ouvira. Por pouco não desmaiou.
PEDRINHO
- Você fala ou eu endoidei?
GARRAFA
PET
- Você não endoidou, não. O
que está ouvindo é a voz da sua consciência. Sabe, eu preciso muito da sua
ajuda.
PEDRINHO
- Minha ajuda?
GARRAFA
PET
- É. Eu e todas as
embalagens não entendemos como pessoas tão inteligentes como vocês nos tratam
como se fôssemos lixo.
PEDRINHO
- Se não são lixo, o que são
então?
GARRAFA
PET
- Eu e minhas amigas somos
importantes recursos naturais. Podemos ser úteis por muito tempo ainda. Sabe, é
muito triste sermos tratadas como lixo.
PEDRINHO
- E o que eu posso fazer?
GARRAFA
PET
- Por que não conversa com
seus pais, sua irmã e depois com sua professora e colegas pra refletirem um
pouco sobre o que estou lhe dizendo? Tratando-nos como lixo, nosso fim será o
lixão, já pensou? È muito triste estar numa hora dentro de sua geladeira e
depois ser jogada num lixão imundo...
NARRADOR
-
Aquilo que Pedrinho menos imaginava começou de repente a fazer parte de sua
vida encarar o lixo de maneira diferente. Aos poucos ele foi se familiarizando
e abraçando essa causa importante.
O primeiro passo seria
conscientizar a sua família. Mas, para isso, deveria aguardar o momento certo.
Um dia, no supermercado com a mãe, surgiu a oportunidade.
PEDRINHO
- Mãe, por que as
prateleiras do supermercado estão cheias de lixo?
MÃE
- Tá ficando maluco? Onde
está vendo lixo? Não vejo nenhum.
PEDRINHO
- Tem sim, mãe.
- Vou mostrar que tenho
razão. Quando a senhora descarta uma embalagem de vidro, de lata, de plástico
ou de papelão, que nome lhe dá?
MÃE
- Lixo, ora bolas!
PEDRINHO
- Então, qual a diferença
entre todas essas embalagens que a senhora está vendo aqui e aquelas que joga
fora?
MÃE
- Uma grande diferença.
Essas que estão aqui nas prateleiras não estão vazias, e aquelas que jogo fora
estão. E, pra mim, embalagem vazia é lixo.
PEDRINHO
- Mas as embalagens que a
senhora descarta e chama de lixo são iguais às que estão aqui contendo o produto.
MÂE
- E dai, onde quer chegar
com essa ideia maluca?
PEDRINHO
- Que todo lixo que não é
reciclável. Por exemplo: papel higiênico, guardanapos, lenços de papel usados,
sujeira resultante da varrição da casa, restos de comida... Os recicláveis a
senhora separa.
NARRADOR
No dia seguinte surgiu a
oportunidade de uma conversa com o pai. No momento em que ia descartar outra
garrafa PET de guaraná, ele aproveitou para entrar no assunto.
PEDRINHO
- Pai, o que faço com essa
garrafa PET vazia?
PAI
- Mas que dúvida? Jogue-a na
lata de lixo.
PEDRINHO
- Por quê?
PAI
- Porque lugar de lixo é no
lixo.
PEDRINHO
- Então para o senhor
garrafa PET é lixo?
PAI
- Senão é lixo, então o que
é?
PEDRINHO
- É garrafa PET, um recurso
natural, com ou sem refrigerante. Por isso vou coloca-la nessa lixeira de
resíduos descartáveis recicláveis.
A partir de agora nossa
família vai começar a colaborar com a melhoria de vida da nossa cidade e com a
preservação do planeta em que vivemos.
NARRADOR
Maria Eduarda, a Duda, não
era nada legal com Pedrinho. Gostava de provocá-lo dizendo para todo mudo que
jogava futebol melhor do que ele, que tirava melhores notas... Não era fácil
para Pedrinho aguentar tanta provocação.
Num sábado à noite, ao
terminar de comer uma pizza, Pedrinho ouviu Duda dizer:
DUDA
- Mãe, vou colocar a pizza
que sobrou na geladeira.
NARRADOR
E guardou a caixa com os
pedaços de pizza que haviam sobrado.
No domingo, depois de
comerem os pedaços de pizza, Pedrinho ouviu novamente a irmã dizer:
DUDA
- Mãe, onde coloco esta caixa
de pizza? A lata de lixo está cheia.
PEDRINHO
- Duda, sabia que ontem você
colocou lixo na geladeira?
DUDA
- Ficou maluco? E desde
quando eu coloco lixo na geladeira? Ô mãe, o Pedrinho disse que eu coloquei
lixo na geladeira. A senhora não faz nada?
PEDRINHO
- Você não acabou de disse
que a lata de lixo está cheia? Por que ia colocar a caixa na lata de lixo?
DUDA
Porque lugar de lixo é no
lixo.
PEDRINHO
Está dizendo que essa caixa
de pizza que você segura na mão é lixo?
DUDA
- E não é?
PEDRINHO
- Bem, se ela é lixo, ontem
você colocou lixo na geladeira. Acontece
que, com ou sem pizza, ela continua sendo a mesma caixa, o mesmo papelão, E se
não sabe, papelão não é lixo, é recurso natural e, como tal, deve ser reciclado e reaproveitado.
NARRADOR
Chegou o dia de Pedrinho e
Duda encararem a professora e os colegas... O momento escolhido foi na hora do
recreio.
PEDRINHO
- Professora, precisamos
conversar, sobre um assunto muito importante.
NARRADOR
Pedrinho e Duda foram
contando tudo o que estava acontecendo... No final, sugeriram que a professora
desenvolvesse um projeto na escola sobre coleta seletiva e reciclagem. E que a
escola realizasse um movimento para acabar com o lixão da cidade. Alguns
colegas que estavam por perto e escutavam a conversar acharam a ideia
estapafúrdia e começaram a proferir piadinhas maldosas. Outros porém, até que
gostaram da ideia. A professora, impressionada com uma proposta tão ousada,
ficou sem saber o que dizer, mas prometeu que iria pensar no assunto.
Em casa, no momento em que
Pedrinho e Duda iam colocar outra garrafa PET na lixeira de descartáveis, outra
ouviram novamente a voz.
GARRAFA
PET
Muito bem meninos, se saíram
ótimos.
PEDRINHO
- Será mesmo? Vários colegas
riram de mim.
GARRAFA
PET
- Não dê importância. Com o
tempo eles também entenderão e o apoiarão.
NARRADOR
Passados uns dias, a
professora chamou Pedrinho e Duda.
PROFESSORA
- Pensei seriamente na
proposta do projeto que me sugeriram. Inclusive falei com a diretora, a
coordenadora e outros professores. Sabe o que eles acharão?
DUDA
O que?
PROFESSORA
- A escola toda resolveu
abraçar o projeto da coleta seletiva e da reciclagem e realizar também um
movimento para acabar com o lixão da cidade.
NARRADOR
Pedrinho e Duda, num ímpeto
de alegria, abraçaram a professora e começaram a gritar:
PEDRINHO
E DUDA
Conseguimos! Conseguimos!
VIVA A COLETA SELETIVA!
TODOS:
VIVA!
VIVA A RECICLAGEM!
TODOS:
VIVA!
VIVA NOSSA ESCOLA!
TODOS:
VIVA!
Ornamentação da sala